quinta-feira, janeiro 05, 2006

Minha espada curta irá conquistar... ou não.

As convulsões intestinas causadas por falta de estímulo de ordem orgânica sexual tornam a sobrevivência em uma sociedade dominada pela caoticidade do sexo muito difícil. Na verdade, quase impossível, se levarmos em consideração o verão, devido à falta de roupas que parece generalizadas. Barrigas são assuntos excusos, que deviam ser trancados a sete chaves, embaixo do tapete do banheiro trancado da nossa casa, no entanto elas aparecem saltando dos lugares mais absurdos, em meio à calçada, no ônibus, nas ruas. Não vou falar das partes que todos comentam, embora elas também apareçam, e desconcertantemente estragam nossos dias puritanos. Puritanismo é uma arte, assim como o contrário do puritanismo (não é perversão, seu pervertido) que se chama (não não é ser tarado, ou ter tara) ou melhor,não se chama porque sou puritano nesse momento, e ainda que a tentação bata à porta manterei-me firme até que meu eu desabe e eu tome um fora de uma barriga exposta ou consiga enredar uma dessas barrigas sob meu controle absoluto, e aí sim teremos aquela coisa voluptuosa, que as convulsões intestinas que eu descrevi tão pouco aí em cima estão tentando fazer que aconteça. Quando acontecer, no entanto, será um absurdo, um excesso, e eu me fartarei de sexo, ainda que por poucos minutos, tal qual criança que come mel com as mãos e se cansa de buscar o pote. Ainda outro dia eu vi um sorriso lindo, ainda outro dia eu vi olhos magníficos, ainda outro dia eu vi barrigas expostas, clamando, clamando, perturbando, atormentando meu puritanismo encanado, minha ferida coberta com um band-aid prestes a cair, mas que eu faço questão de apertar e proteger, numa tentativa fútil de proteger o que deveria ser exposto e desabrido, lá venho eu de novo com exposição, espero não ter falado desabrido mais de três vezes no texto, sem contar essa última, ainda que essa palavra tenha poderes mágicos, como outras, como todas, embora não tenham o poder de me manter puro, puritano, evitar que minha espada curta, pulando violentamente nos momentos de puro desejo (sim, as convulsões), traga inércia a esse corpo cansado de viver e à essa alma com medo de amar e fundir, abrindo caminho pela batalha da vida, conquistando... ou não um amor ou um simples momento de paixão e tesão, por falta de melhor palavra.

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