quarta-feira, dezembro 14, 2005

Memories of Green, once again.

Hoje eu vi ela triste e chorei, chorei. Tristeza é uma coisa terrível. Corta a carne qual aço temperado, surrado por horas entre o frio e o calor, descontando sua fúria contida na carne de outrem. Senti a tristeza emanando da alma ali ao meu lado, e aquele rosto contrair-se em um sentimento pesado, ruim de se carregar sozinho e fiquei ali, pedindo que ela dividisse o peso comigo. Ela dividiu, não da forma que eu esperava, no entanto. Acontecera um fato simples, bobo, do quotidiano – um daqueles fatos que a gente não se da ao trabalho de lembrar em memórias póstumas. Para mim foi importante, tão importante quanto o ar que eu tanto busquei no dia de hoje, e que não vinha, não vinha. Talvez eu precisasse mais dela chorando em meu ombro, para que eu esquecesse quem eu sou e chorasse também no ombro dela em outras ocasiões, e, então, num passe de mágica meu amor platônico se realizaria, sem falhas, sem fraudes, seria uma bandeira desfraldada ao vento, dinâmico, belo, eterno em sua unicidade.
No entanto não.
Ela não o fez.
Só dividiu a amargura do momento.
O copo amargo que ela bebeu não foi estendido a mim.
Continuamos como sempre fomos – separados por uma barreira intransponível.
Em outras palavras, a vida segue ignorando, indefinidamente.

Nenhum comentário: