Fomos ao teatro, assistir a um show... violão e percussão...
samplers, pedaleiras, efeitos pra cá e pra lá...
Poesia numa voz que vem da alma d'um cantor.
Timbre que não é bonito, mas de tão sentido que me toca.
Já na entrada, ingressos em cadeiras espalhadas,
apenas dois lugares lado-a-lado...
Ele me segura pelo braço e pede,
já que combinei de ficar com uma amiga,
pelo menos um beijo
Eu digo "Ai..."
Como que um "Glup!" de personagem de gibi
que acaba de fazer travessura sem querer
E então ele pergunta:
"Você tem mesmo namorado?
Pensei que não fosse sério..."
Eu fico muda, abaixo os olhos
(_sim, eu tenho mesmo)
e peço desculpas para a minha amiga
mas quem vai ao meu lado é ele.
No meio do show,
é música
são mãos
um abraço
amizade-ferida-desconforto
Só tem um jeito de saber
Cochicho qualquer coisa no ouvido
para que ele não entenda
e chegue mais perto
mais
mais
só mais um pouquinho
Beijo de gato que chega pedindo carinho
Que experimenta a textura da boca
Que compassa a respiração no mesmo pulso
polirritmia
Que ameaça a língua
E que a prende numa leve dentada
E recomeça
Ameaça
Quase
Leve toque
Nem beijar beija
Morde lábios, de leve
ele estremece
Eu sorrio (quase que inocentemente)
Ele sorri (maliciosamente surpreso - com olhos de eu não acredito)
O cantor olha para o percussionista
O percussionista gargalha
O cantor sorri, fica vermelho
E canta, como se não tivesse visto nada.
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Beijo no teatro
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Um comentário:
Eu não falei pra você deixar acontecer? Ficou mto bom o texto.
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