Chuva de verão

Foi a primeira chuva de um verão que promete muitas coisas. Não que eu espere, claro, não que eu tenha vontade que o verão seja bom, já desisti disso. Na verdade quero que o verão seja. Sendo já está bom. Sendo o que quer que seja, o que quer que queira ser. Não há muito o que se aguardar da vida, exceto vivê-la com seus percalços maravilhosos e crises míticas, quem dera de um simples verão que vem.

Claro, podia ser melhor, o verão já devia ter começado, ou melhor, a primavera, mas com nossas cabeças desfocadas daquilo que deveria ser um ponto de atenção primordial da "raça". Sim, o ambiente. Mas não, não sou ativista, não vou discorrer sobre isso, além do que é inútil. Eu mesmo sou um poluidor nato - Eu jogo lixo no chão. É. Sujismundo (ou será com G?) total. Embora eu também já tenha feito o oposto, de carregar meu lixo no bolso pra jogar fora mais tarde, e isso tenha sido mais constante que o oposto, mas nem isso me isenta.

Quarenta mil pessoas foram estimadas mortas no Paquistão; nos EUA morreram umas mil, dois escândalos, duas manifestações da natureza, duas forças de ação, e eu me pergunto quando veremos a terceira manifestação, porque essa sim é normalmente a mais tenebrosa. Bom, pode ter sido a terceira, esta do Paquistão, com o terremoto no chile - Chile ou Bolívia? Bolívia. É, deve ser isso.

Certo, eu sou desinformado, alienado. E daí? Eu tenho esse direito. Continuo pensando na chuva do verão que ainda não veio, (o asfalto e a terra molhados cheiram muito bem, e engraçado, lavaram o cheiro de cachorro que deveria subir nesta janela, porque meu vizinho espertalhão colocou um puta rotweiller num gramadinho de três por sete) na falta que me faz ter compania, mas ao mesmo tempo penso nos muitos verões por vir, e nas companias que hei de encontrar.

Hoje eu encontrei um pouco mais de vida nessa chuva. Chuva de verão.