segunda-feira, março 31, 2008

Desenhos

Eu já me considero velhinho. A minha geração (eu acredito) foi criada pela televisão, durante os oitenta (perdidos) e nesse tempo ouve, no Brasil, um crescimento exponencial no número de desenhos animados exibidos pelas televisões em geral.

Durante minha existência, li algumas reportagens a respeito de desenhos, em sua maioria nada lisonjeiras, e algumas retratando a genialidade de seus criadores. Como gênios, pode-se citar Disney, Hanna Barbera, Walter Lantz, e por aí afora.

No entanto, aparentemente, depois do advento de Hanna Barbera e dos desenhos mais simples de se fabricar (e portanto fabricados a um custo menor) os enredos passaram a ser menos detalhados e cada vez mais voltados à ação pura e simples. Não tenho nada contra a ação, de forma alguma, acho muito divertido. Mas é só divertido - não tem nada a acrescentar verdadeiramente, ainda que em alguns desenhos os criadores tenham se esforçado para emular uma moral ao final de cada episódio (Thundercats?) ou para trazer as crianças para o lado "do bem". Mas socialmente e economicamente os desenhos foram voltados cada vez mais para a violência e para o consumo.

É interessante notar que, depois (aparentemente para mim) do advento das meninas super poderosas, todos os desenhos com super heróis, antes adultos, tem heróis adolescentes. E heróis violentos, cheios de poderes místicos, mágicos. Acho isso até um retrocesso, levando em consideração que He-man tinha um código de ética e perseguia o Esqueleto porque ele ameaçava Etérnia, ainda que com tramas ridículas e armadilhas previsíveis. Mas He-man era adulto - ou quase, enquanto uma geração inteira viu crianças brigando em milhares de desenhos, e tornou-se viciada em violência absurda. Como um exemplo, podemos citar Dragon Ball, onde pelo menos metade dos heróis é criança, e acaba crescendo mas somente físicamente, não mentalmente. Ou as meninas super poderosas, que levam o absurdo a extremos, ainda que seja um extremo engraçado.

Fico intrigado sobre essa mudança aconteceu e no que o peso dessas coisas aparentemente afastadas podem alterar a percepção de realidade de uma geração inteira, e fico alarmado porque isso pode significar a diferença entre apertar ou não o botão vermelho de guerra total, ou oprimir uma população à força, ou mesmo, extinguir valores importantes como sacrifício e humildade em detrimento ao valor e à coragem, que são importantes, mas em desequilíbrio podem causar problemas sérios.

Mais por vir...

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